(Mais uma caixa para relógios, pintada e craquelada)
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“RODA A DOR"
Impele o tecelão a lançadeira
Do pungente tear do peito aflito
Com ímpeto feroz, à sua maneira,
Marcando a minha dor com forte grito.
Lacera-me o espinho da roseira
Enquanto com o olhar procuro e fito
No fim dessa lamúria derradeira
Compreender o que já estava escrito.
De amor tecer a vida até o fim.
Do amortecido peito em grave pranto
Fazê-lo transbordar em belo canto.
Da trama o fio firme tece o manto
Com o qual sou revestido e me levanto
A procurar o que renasceu em mim.
(Enedino Gomes Vasco)